"Azar" no amor ou compulsão à repetição. Uma possível explicação à luz da Psicologia.


Não concordo com a teoria do “azar” nas relações. Acredito sim que, inconscientemente, tendemos a uma repetição do padrão relacional.

Em relação a isto, Freud preconizou que se trata de uma forma de não pensarmos, de não recordarmos as experiências dolorosas.

Muitas das nossas “escolhas afectivas” permitem repetir relações traumáticas sem termos que lidar com os seus aspectos traumáticos.

Na repetição há uma negação dos aspectos negativos, senão, em consciência, não repetiríamos.

Não deve, portanto, considerar-se um azar ou o vulgarmente chamado “dedo podre”, a escolha de parceiros diferentes para, no fundo, se estabelecerem relações similares.

Assim sendo, os aspectos negativos de uma relação anterior reaparecem nas novas relações.

Normalmente, esta compulsão à repetição não é consciente e, portanto, é necessário que seja aprofundada e trabalhada num contexto psicoterapêutico, com a ajuda de um profissional experiente e habilitado

Se assim não fôr, ao invés de se compreender o fenómeno, repete-se a necessidade de escapar ao contacto com a experiência dolorosa; e a própria pessoa irá frustrar-se recorrentemente e despoletar e/ou agudizar determinados estados emocionais.

Somente a elaboração CONSCIENTE da experiência passada permite, verdadeiramente, alterar o padrão relacional.